LIGADURAS
Ligaduras ligam os sons, unem os sons uns aos outros, mas também informam a sonoridade a ser feita.
Tudo dependerá da melodia e da harmonia, por isso é fundamental analisar a obra que vamos tocar.
Basicamente temos ligaduras de 2, 3 e 4 sons.
LIGADURA DE DOIS SONS
Basicamente o primeiro som será mais forte que o segundo. Há situações que a harmonia ou a melodia pede o inverso ou o próprio compositor assinala como ele quer.
O tempo do segundo som deve ser roubado, ou seja, se semínima, virará colcheia pois para o próximo som eu não posso ligar, deverá haver uma pequena pausa (que o intérprete imaginará, pois não virá escrito, deve-se subentender).
O Pequeno Pastor de C. Debussy
Faz uma introdução só para a mão direita que se faz jus ao nome da peça.
Mas a melodia é composta de 2 escalas descendentes de 4 sons, um salto de oitava e mais 1 escala descendente de 4 sons.
A cabeça dos compassos inicia com um repouso em nota longa. Ponto importante na análise pois um som longo no piano, dependendo da região, sofrerá uma caída do som após o ataque.
As duas notas Sol# de cada compasso deverão sofrer um leve apoio para que o som possa cair e chegar até a nota seguinte.
Uma melodia ascendente não terá o mesmo efeito que uma melodia descendente. Provavelmente na ascendente iremos crescer e na descendente decrescer naturalmente.
Dentro de uma frase existem as notas de “pico“, a nota mais elevada, que neste caso é a nota SI.
Então a melodia debussyana ficaria assim na cabeça do intérprete: (dinâmica sutil – micro dinâmica)

Plano sonoro – p – . A ligadura de 3 sons com crescendo para um apoio na longa do compasso 2.
Crescendo em notas repetidas para apoiar a Dominante do tom e nova ligadura de 3 sons crescendo para apoio da longa no compasso seguinte que ainda é a Dominante.
A esquerda faz um diminuendo em notas repetidas para relaxamento na Tônica.
Novamente dois compassos com a mão direita em 3 sons ligados com crescendo para atingir a Dominante onde o compositor pede mudança de plano sonoro – mf -.
A escala final da mão direita faz os crescendos e diminuendos obedecendo a altura dos sons. (grave/agudo) para voltar ao – p -.
Seja melódico ou técnico (escala – arpejo) a intensidade (volume) também irá variar com o movimento e essa variação também tem a ver com o movimento harmônico.
Mais uma vez, a análise é ferramenta fundamental.
As Invenções de Bach são um prato cheio, não só na intensidade mas principalmente na articulação.
Nesta invenção, Bach constrói o Tema com duas escalas – ascendente e descendente – com um salto entre elas.
A dinâmica segue a mesma linha com um crescendo para a Dominante e decrescendo para o repouso da Tônica.
Na pauta de baixo o Tema será reprisado 3 vezes seguindo a mesma dinâmica, porém, como as progressões estão descendo, a 1ª poderá ser a mais tensa, a 2ª menos tensa e a 3ª mais leve ainda.
Repare, como foi dito, que a Dominante poderá ser um acorde tenso ou não, dependendo da frase.
A 3ª progressão está sobre o acorde de Dó M (Dominante individual) que está fazendo a função de preparar o acorde seguinte – Fá – e obedecendo a frase bachiana esta passagem deverá ser mais leve.
Na mão esquerda só foram colocados os baixos referente à harmonia, imagine então o “pepino” ao tocar as duas juntas pois a mão esquerda entrará 2 compassos atrasada.
Além da independência de movimento entre as mãos, teremos que ter também independência na intensidade, por isso Bach é bem complicado na execução.
Para descontrair
Gravação do Frevo de Marlos Nobre no piano digital Roland
usando o efeito Hoo Haa.
